A invenção da política
Apesar de ser comum a atribuição da invenção da política aos Gregos, nota-se que todo e cada povo, a sua maneira, é que realmente foram os responsáveis por tal ”invenção”. Não se pode negar, é verdade, que os gregos desenvolveram diversos ramos do conhecimento e, no tocante à política, originaram não só grande parte dos termos utilizados para designar as formas de governo e de estado, como a própria palavra “política”. Foram, também, gregos os primeiros pensadores políticos.
Determinar que foram os gregos os inventores da política acaba tendo uma conotação etnocêntrica, pois estar-se-ia ignorando todas as formas de vida em comum anteriores aos gregos e exteriores à civilização europeia.
Assim, apesar de não se poder afirmar que foi na Grécia que a política surgiu, visto que a mesma nasceu com o nascimento da própria humanidade (todos os povos vivem politicamente), pode-se afirmar que foi a sociedade grega a primeira a reconhecer exatamente que a política não é característica de uma sociedade particular, mas do homem em geral.
Para Platão, a solução para a insuficiência do homem em satisfazer individualmente as próprias necessidades e a necessidade de divisão do trabalho está na vida política. Aristóteles, seguindo a mesma tendência, afirma ser o homem um animal político para o qual não há felicidade fora da vida com seus semelhantes.
Não existem inventores do político; ele está na natureza do homem, mas não foi inventado por este. Todos os homens sempre viveram politicamente, desde o bando primitivo até o Estado moderno.
O conceito de “político” transcende ao uso ordinário a ele atribuído, designa o modo de viver em uma comunidade estável de homens ligados não pelos laços biológicos, mas pela identificação da mesma como espaço de coexistência, como meio de troca de bens reais ou simbólicos e como memória comum, ligados pelo sentimento de pertencimento.
A vida política é, portanto, a vida dessa comunidade enquanto