A internet e os riscos da língua

A internet e os riscos da língua

3.
“Eu me preocupo mais com a ortografia do que com as abreviações do ‘internetês’. Porque abreviação é consensual, tem que ser aceito pelo grupo. Eu usava abreviações no tempo da faculdade. Mas trocar o ‘qu’ pelo ‘k’, o ‘ch’ pelo ‘x’, tudo em prol do menor esforço, abandonando a acentuação, as vírgulas... Isso pode criar problemas irreversíveis. A garotada tem que saber que não pode usar a linguagem da Internet o tempo todo. A vida vai exigir que os jovens saibam a ortografia oficial. Não estou condenando o ‘internetês’ à morte, ele tem validade, porém torna mais duro o trabalho do professor, que precisa conscientizar os alunos da importância de escrever bem e ler. Nós temos uma memória visual, que se adquire com o bom hábito da leitura. Quanto mais se lê, melhor se escreve”, explica Nogueira.

A estudante Dandhara Martins Rebello, 20 anos, acha que quem escreve “errado” na Internet pode se atrapalhar na escola ou universidade. “Tenho amigos que trocam o ‘ch’ por ‘x’ nas redes sociais e levam isso também as redações que os professores pedem. Como gosto de ler, gosto também de escrever corretamente. Acho que se a escola incentivasse mais a leitura, os alunos escreveriam melhor, sem tantos erros banais”, ressalta.

Mas, apesar dos problemas e riscos, Sérgio Nogueira não perde a confiança. “A língua é sábia. Costumo dizer que ela tem o dom do paladar. Quando gosta de algo, saboreia e engole. Quando não, cospe fora. O professor de português tem que fazer um trabalho intensivo com os alunos, para que eles aprendam a escrever melhor, mas de forma divertida, sem trauma, por exemplo, sugerindo que eles façam uma redação toda em ‘internetês’ e depois reescrevam na linguagem formal”, completa.
4.
O texto apresentado é parte de uma entrevista a Sérgio Nogueira que é um instrutor e consultor de português do jornalismo de varias emissoras de Televisão. Em sua opinião ele mostra que se preocupa