A industrialização no brasil
RELENDO CASA-GRANDE & SENZALA
Luiz Carlos Bresser Pereira Freyre, Gilberto (1933) Casa-Grande e Senzala. Rio de Janeiro: Editora Record, 1992. Primeira edição, 1933. Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, além de um extraordinário ensaio sociológico sobre a identidade nacional brasileira, é uma notável obra literária. Parte do seu prestígio deve-se a suas qualidades estilísticas, ao vigor e brilho com a qual o autor descreve a vida colonial, mas a razão principal que o explica é constituir-se em obra ideológica fundamental da nação brasileira enquanto a define como nação mestiça, fruto da miscigenação do português com o índio e o negro. É difícil classificar este livro notável, mas há nele um elemento essencial de história do quotidiano, que o transforma em um precursor da abordagem da escola de estudos históricos dos Annales. Freyre descreve com uma infinita riqueza de pormenores alguns aspectos da vida colonial. Sua preocupação básica é com o sexo e a miscigenação, mas ele trata também da vida familiar, da alimentação, da educação, das crenças relacionadas à educação das crianças, e de uma infinidade de outros temas. A vida ou a formação colonial brasileira é apresentada como “um processo de equilíbrio de antagonismos. Antagonismos de economia e de cultura. A cultura européia e a indígena. A européia e a africana. A africana e a indígena. A economia agrária e a pastoril. A agrária e a mineira. O católico e o herege. O jesuíta e o fazendeiro. O bandeirante e o senhor de engenho. O paulista e o emboaba. O pernambucano e o mascate. O grande proprietário e o pária. O bacharel e o analfabeto. Mas predominante sobre todos os antagonismos, o mais geral e o mais profundo: o senhor e o escravo”. (p.53) Mas não se imagine que dos antagonismos surja a guerra. Pelo contrário, o que temos essencialmente é a “harmonia”. “Entre tantos antagonismos contundentes, amortecendo-lhes o choque ou