A impressão do Livro na era digital
A digitalização seria sem dúvida uma bênção para os casos de livros esgotados e que não podem mais ser encontrados no mercado. Por isso também que o acontecimento realmente sensacional e revolucionário não se deu nem na Califórnia nem em Heidelberg, mas sim em Londres, onde a empresa Blackwell’s instalou, em abril de 2009, sua chamada Espresso Book Machine: no momento, meio milhão de títulos já podem, com um simples toque, ser impressos, encadernados e encapados em poucos minutos, e entregues ao cliente como um pãozinho fresco e quente. Será que a era do livro vai acabar assim, com a impressão do livro?
Os livreiros já tiveram que engolir que a escritora Margaret Atwood, recentemente no New York Times, previu para suas pequenas e aconchegantes lojas, com o advento das máquinas print-on-demand e de leitores eletrônicos, um futuro como showroom de móveis. De certa forma, elas já exerciam essa função anteriormente, e o livro deverá ganhar ainda mais significado como peça de mobiliário: a estante de livros não é mais apenas o clássico móvel burguês da educação. E mesmo quem não lê nada exceto Harry Potter insiste na maioria das vezes em colocar os livros sólidos, concretos e com rastros dignificantes da leitura no arquivo da própria biografia.
Ao questionar pessoas que têm a ver com a produção de livros, ouve-se com frequência que elas próprias utilizam leitores eletrônicos. Simplesmente porque são práticos. E que as novas tecnologias tendem a fazer vicejar novas formas artísticas, não deixa de ser interessante. O que se profetiza é um interessante “segundo mercado”, e não a substituição do livro impresso. Uma conclusão tirada, de fato, menos da esperança pia do que do conhecimento da clientela. E esta tradicionalmente não é encabeçada necessariamente por jovens adeptos da tecnologia, ao contrário do caso da música pop. Isso tem a ver também com a inserção social dos objetos, com o contexto que define a recepção e