A imposição das escolhas
Você tem filhos com menos de seis anos, leitor? Que tal garantir a eles a oportunidade de viver como
crianças pequenas que de fato são? Um bom começo é deixar de dar tanta importância à preparação delas
para um futuro exitoso. Pois é: hoje, as crianças perdem esse período precioso da vida, e tão breve, porque
decidimos que, quanto mais cedo elas forem introduzidas ao manuseio das ferramentas do mundo adulto,
maiores serão suas chances quando tornarem-se adultas.
Essa postura, cheia de boas intenções, é um componente importante no processo em curso que promove
o desaparecimento da infância no mundo contemporâneo. E você sabe leitor, o que significa ser criança
sem ter a chance de viver a infância? Não. Ninguém sabe ao certo como é a vida das crianças neste mundo.
Entretanto, temos algumas pistas a esse respeito. Ansiedade, insônia, depressão, inquietação constante,
medo, hipertensão, obesidade, doenças do aparelho digestivo etc., males que antes eram exclusividade do
mundo adulto, hoje são frequentes na infância, inclusive na primeira parte dela.
Pressa, pressão, compromissos, deveres. Nada disso combina com os primeiros anos de vida. O que
combina? Tempo, material e oportunidade para brincar, por exemplo. Ou para nada fazer: só olhar,
observar, participar da vida de um modo muito particular.
Crianças dessa idade podem aprender informática, línguas, esportes, letras e números? Podem. Precisam
disso? Não precisam. Pelo menos não do modo como temos feito. Criança com até seis anos aprendem
brincando. Mas ela não deve brincar para aprender determinado conteúdo e sim aprender algo, por acaso,
brincando apenas. Simples assim.
Outro caminho para deixar a criança viver a infância a que tem o direito é não passar a ela as
responsabilidades que são nossas. Não se espante, leitor: fazemos isso diariamente. Escolher a roupa que
vai vestir, o