A importancia da questão da autoria
Por causa das várias formas de materialização da escrita em um espaço digital, alterações na relação entre leitor e texto colocam novamente em destaque a questão da autoria. Procedimentos de invenção de conteúdos têm sido influenciados em função de novas possibilidades sucedidas de tecnologias de informação e de comunicação. A sociedade da informação consiste numa "nova era em que a informação flui a velocidades surpreendentes e em grandes quantidades, transformando profundamente a sociedade e a economia".(Takahashi, 2000, p.3). A convergência de conteúdos, computação e comunicações torna possível a existência da sociedade da informação. A questão da autoria precisa, assim, ser revisitada e repensada, sendo o seu aprofundamento o objetivo principal do presente trabalho.
Conforme Cavalheiro (2008) se hoje, ao nos referirmos a uma obra, estabelecer a relação com a instância autoral é inelutável, outrora não foi assim. Na Antiguidade até o início da Idade Média, não havia a preocupação de estabelecer a responsabilidade pelo fechamento da obra, as histórias estavam em contínuo processo de criação, os contadores tinham o direito de decidir, segundo a sua própria vontade, o que acrescentar melhorar ou modificar. As narrativas, tragédias, comédias, epopeias – textos, hoje, denominados de literatura – eram postas em circulação e valorizadas sem que se colocasse em questão a autoria, já que o anonimato não constituía um empecilho, a sua própria antiguidade era uma garantia suficiente de autenticidade.
A questão da autoria ou o momento em que o escritor foi investido de direitos sobre a obra literária ilustra uma parte da história dos livros e da leitura no mundo ocidental. A questão da censura dos livros foi anunciada quando a Igreja deu o primeiro alarme de que as leituras podiam produzir algum ato de heresia, e, a prática desta censura configurou-se no século XVI quando os impressores foram solicitados a submeter os manuscritos à