A igreja e os intelectuais
A missão que define os intelectuais é a pesquisa científica da realidade. Eles não aceitam aquilo que se diz, nem o que a sociedade aceita, pois não se submetem a nenhuma regra de grupo
A existência dos intelectuais constitui sempre um verdadeiro problema dentro da Igreja, pois, de um lado, ela faz questão de dizer que a sua doutrina não choca em nada com a razão humana, que é uma doutrina bem razoável.
O outro lado exige que o teólogo e o filósofo católicos exponham tão somente aquilo que o magistério eclesiástico opina e dizem que usam uma metodologia estranha aos critérios científicos, uma vez que é de intenções direcionadas pelo papa e seus assessores.
Este fato faz com que a relação entre Igreja e intelectuais seja, no mínimo, ambígua. É evidente que os intelectuais querem liberdade de pesquisa e de expressão, mas a
Igreja determina o campo de pesquisa traçando seus limites e exige que se use da metodologia que ela mesma estabelece.
Para escrever este artigo, tenho debaixo dos olhos três livros: “Los intelectuales y la igreja” (Madrid; Prop. Cat.; 1970; de F. Heer); “Die Idee der Deutscher
Umiversitaet und Reform” (Der - rustatt; 1960) de E. Anrich; e os cinco volumes de J. M. Hervé:
“Manuale Theologiee Dogmeticae”, que eu mesmo usei para estudar e que hoje estão na vigésima edição. Antes de mais nada, quero salientar que com a palavra “Igreja”, neste artigo entendo exclusivamente o papa, com sua Cúria
Romana, exatamente como se entendia na época do Concílio Vaticano II (1961).
Portanto, trata-se de uma classe específica de pessoas que se colocam acima dos demais homens por considerar-se depositários de uma missão única na terra: estabelecer a verdade acerca das realidades metafísicas. Ora, isto, em si, não é nada demais, pois a metafísica é o raciocínio “especulat ivo”. O problema começa quando esta classe de pessoas pretende ter o conhecimento certo, preciso, e definitivo das coisas e das situações humanas,