A idade média. o nascimento do ocidente.
FRANCO JR, Hilário. A Idade Média. O Nascimento do Ocidente.
Renée Doehaerd caracterizou que os séculos IV-X sofriam com uma "escassez endêmica": uma pequena produtividade agrícola e artesanal, consequentemente, uma baixa disponibilidade de bens de consumo e a correspondente retração do comércio e, portanto da economia monetária. A causa foi o retrocesso demográfico, pois a mão de obra é decisiva numa produção pouco mecanizada. As grandes propriedades agrícolas eram típicas em parte da Europa ocidental, entre os rios Reno e Loire, porém existiam pequenas e médias propriedades. Mas o domínio não era caracterizado por seu tamanho, mas por sua estrutura de funcionamento. Eles eram divididos em duas partes: terra indominicata (explorada pelo senhor) e terra mansionata (explorações camponesas, também conhecidas como mansus). "O senhor exigia a corveia, trabalho servil na reserva, em troa do manso por causa das dificuldades de mão-de-obra numa conjunta de depressão demográfica ou pela impossibilidade de pagar trabalhadores em dinheiro." A prestação de serviço na reserva senhorial representava a própria essência do regime dominial. O pagamento em dinheiro se tornaria mais comum a partir do século IX. Apesar da mão-de-obra principal era de camponeses livres, existia, paralelamente, a escrava. Marc Bloch acreditava na existência de poucos escravos no Ocidente no século IX, enquanto Renée Doehaerd diz que "a penúria de mão-de-obra explica a recrudescência da escravidão durante os primeiros séculos medievais". Generalizavam-se os servi casati, escravos presos a terra. O sistema trienal foi a maior inovação agrícola da Idade Média, ao dividir a área cultivada em três partes, não só se ampliava a extensão efetivamente produtiva, como ainda se tinha a segurança de duas colheitas anuais. O setor secundário sofria com a fraqueza demográfica e com a medíocre produção agrícola, que limitava o fornecimento de matérias-primas. O