A hora da estrela
Se essas pessoas eram pouco importantes, insignificantes onde viviam, serão mais ainda na cidade grande, na capital, onde cada um quer saber de si, onde cada um tem que “se virar”, onde amizade, solidariedade, são palavras que não existem. Essas pessoas passam a ser apenas mais um dentre tantos; são pessoas substituíveis, que tanto faz morrerem ou não, existirem ou não.
É justamente sobre essa questão da inutilidade, do “ser mais um”, que trata o “romance” A Hora da Estrela, que mostra esse processo de massificação a que todos estamos submetidos. Nessa narração, ou melhor, metanarrativa, a autora quer justamente nos levar a essa reflexão, afinal, quem somos? Para que vivemos? Qual é o nosso papel na sociedade? Será que fazemos falta, ou somos apenas mais um? Somos importantes? Será que no fundo, também não somos uma Macabéa da vida?
Quando lemos o livro, muitas vezes rimos da personagem Macabéa, mas será que no fundo, bem lá no fundo não nos parecemos com ela? Quantas vezes não sabemos quem somos e o que estamos fazendo nesse mundo? Também não vamos empurrando a vida com a barriga, e seguindo uma rotina fatigante, achando que é assim mesmo, que assim está correto, está bom. Imaginamos que a única diferença que temos de Macabéa, é que nós, ainda por cima, reclamamos dessa vida e ‘Macabéa” não, ela não tinha essa consciência, para a personagem, tudo estava bom, perfeito, até o momento em que a cartomante através da linguagem lhe mostra o futuro, felizmente (ou infelizmente) ela teria um destino.
É mister, deixarmos claro, que Macabéa, não tinha a oportunidade de ter uma outra perspectiva,