A História de Orfeu e Eurídice
Era uma vez um jovem chamado Orfeu. Orfeu era filho de umas das nove musas, Calíope com o deus olimpiano Apolo. Esse jovem foi o melhor músico que já pisou na terra, pois de seu pai, Apolo, recebera a lira. E quando tocava tal instrumento os pássaros paravam de voar, os animais selvagens perdiam o medo e tornavam-se dóceis, e deuses e mortais emocionavam-se com tal perícia e bela música.
O jovem filho da musa foi um dos cinquenta homens que atenderam ao chamado de Jasão, ou seja, foi um Argonauta. Era Orfeu quem apasiguava as brigas do navio com a sua música, e foi ele também quem livrou os outros Argonautas e o próprio Jasão do canto das sereias, porque tamanha eram as propriedades de sua música que as próprias sereias silenciaram seu canto para ouvirem o músico. De certo modo matou as Sereias, já que ninguém poderia passar por elas.
Tão bom homem não poderia ficar sozinho por tanto tempo; ele apaixonou-se por Eurídice, uma ninfa, e os dois se casaram. Porém, a ninfa era de tal beleza que mesmo depois de casada atraiu também os olhares de um apicultor (criador de abelhas). Eurídice recusou ao homem e pôs-se a fugir dele, que a perseguia, e durante tal fuga Eurídice acabou sendo picada por uma cobra, desse jeito, vindo a óbito. As ninfas companheiras de Eurídice fizeram com que toda a criação de abelhas do homem morressem, em vingança pela morte da amiga.
Orfeu e Eurídice, de Nicolas Poussin
Após a morte da amada, o filho do deus-sol encheu-se de amargura e tristeza; entoava melodias tão triste que os deuses choravam ao ouvi-las. E, apiedados, os deuses recomendaram ao deus que fosse ao Hades e tentasse convencer o Rei dos Mortos a devolvê-la.
E assim foi feito. Orfeu desceu ao Mundo Inferior, tocou sua maravilhosa Lira e convenceu Caronte a levá-lo pelo Estige, adormeceu Cérbero – o cão de três cabeças, guarda do Submundo – amansou monstros que interpunham-se em seu caminho e por fim chegou à sala do trono de Hades. Tocando