resenha
O mito grego que inspirou Vinicius de Moraes conta a história de um grande herói da Trácia, que era conhecido não só pelas suas habilidades como guerreiro, mas também pelas suas qualidades musicais. Orfeu foi presenteado por seu pai, Apolo, com uma lira. Ávido pelo instrumento, passou a tocá-lo tão incessantemente que até mesmo os animais se rendiam ao seu fascínio. Orfeu era apaixonado por Eurídice, estavam prestes a se casar quando foi surpreendida pelo pastor Aristeu, que ao vê-la, apaixonou-se perdidamente, porém, na véspera de seu casamento, Eurídice foi picada por uma cobra e morreu. Na obra ''Orfeu da conceição'' Vinicius de Moraes transfere essa história para outra realidade: a dos morros cariocas.
Com algumas adaptações e modificações, a história de amor vivida por Orfeu e Eurídice ganha um cenário totalmente diferente do qual é narrado no mito grego. A peça é divida em 3 atos. No primeiro ato, encenado por Orfeu, Eurídice, Mira de tal (ex-amante de Orfeu), Aristeu (desafeto de Orfeu e apaixonado por Eurídice) Apolo e Clio (pais de Orfeu) e a Dama Negra. No começo, Orfeu está a tocar seu violão, instrumento dado por seu pai Apolo, que sempre se orgulhava por Orfeu o tocar maravilhosamente bem. Orfeu perde-se em acordes de seu violão chamando por Eurídice. Clio, sua mãe, se põe triste ao ver o estado do filho loucamente apaixonado pela mulata mais cobiçada do morro. Em vão, ela tenta convencer o filho a desistir de casar-se com Eurídice. Orfeu mostra-se obstinado e não muda de ideia, contrariando sua mãe. Depois de tanto chamar por Eurídice, esta vem ao seu encontro e beijam-se. A partir daí, segue um diálogo de um casal apaixonado, repleto de declarações poéticas e, vez ou outra, gírias e um sotaque que lembra bem o modo informal de falar do carioca. Tudo corre bem, até que Orfeu cai em devaneios com seu violão e escuta uma voz que, de súbito, lhe aparece em forma de uma sombra coberta por um manto branco. Esta por sua vez, se