A história de israel na pesquisa atual
Airton José da Silva
A “História de Israel” está mudando. O consenso existente até meados da década de 70 do século XX foi rompido. A paráfrase racionalista do texto bíblico que constituía a base dos manuais de “História de Israel” não é mais aceita. A seqüência patriarcas, José do Egito, escravidão, êxodo, conquista da terra, confederação tribal, império davídico-salomônico, divisão entre norte e sul, exílio e volta para a terra está despedaçada. O uso dos textos bíblicos como fonte para a “História de Israel” é questionado por muitos. A arqueologia ampliou suas perspectivas e falar de “arqueologia bíblica” hoje é proibido: existe uma “arqueologia da Palestina”, ou uma “arqueologia da Síria/Palestina” ou mesmo uma “arqueologia do Levante Sul”. O uso de métodos literários sofisticados para explicar os textos bíblicos, afastam-nos cada vez mais do gênero histórico, e as “estórias bíblicas” são abordadas com outros olhares. A “tradição” herdada dos antepassados e transmitida oralmente até à época da escrita dos textos freqüentemente não consegue provar sua existência. A construção de uma “História de Israel” feita somente a partir da arqueologia e dos testemunhos escritos extrabíblicos é uma proposta cada vez mais tentadora. Uma “História de Israel”, que dispense o pressuposto teológico de Israel como “povo escolhido” ou “povo de Deus” que sempre a sustentou. Uma “História de Israel e dos Povos Vizinhos”, melhor, uma “História da Síria/Palestina” ou uma “História do Levante Sul” parece ser o programa para os próximos anos. Este artigo quer traçar um panorama destas mudanças pelas quais vem passando a “História de Israel” nos últimos vinte e tantos anos, apontar as dificuldades que a crise vem criando e propor algumas pistas de leitura para os interessados no assunto.*
1. Patriarcas? Que patriarcas?
A partir de 1967, o norte-americano Thomas L.