A historia da quimica
Atentado, era um menino travesso.
Droga, era o remédio comprado na farmácia.
Craque, era um excelente jogador de futebol.
Sexo, era masculino, ou feminino.
Stress, era coisa de americano.
Depressão, eu só via na panela.
Tráfico, fora abolido pela lei Áurea.
Separação, só de bate boca e brigas na rua.
Matar, só de saudade ou de raiva.
Bomba, era o que acontecia com quem perdia o ano letivo.
Arma, era equipamento da polícia e do exército.
Assaltos, só nos tamancos das mulheres.
Violência, só nos filmes de cowboy.
Desemprego, era o número de empregos disponível no mercado.
Concorrência, havia entre garotos, disputando o amor da mesma menina.
Corrupção, era o vulcão em atividade.
Ser honesto, ainda estava na moda.
Mendigo, era o vagabundo, não o trabalhador.
Salário, era sinônimo de sustento, não de pobreza, miséria ou fome.
Miserável, era um sujeito muito pão duro e não a população do nosso país.
Índio, era dono de terras e não marionete da FUNAI.
“Imposto”, meu pai abastecia o carro.
Havia diferença entre partidos da direita e esquerda, polícia e ladrão. Será que os tempos mudaram, ou fui eu quem mudei?
Quem sabe tudo isso já existia, mas como eu era inocente não percebia.
Quem sabe nada mudou, a não ser no meu interior...
Será o mundo, ou só o meu “mundo” que precisa melhorar?
Pensei que me tornando adulto teria todas as respostas.
Hoje, as coisas estão mais complexas do que quando eu era criança.
Pelo sim, pelo não; não posso viver saudosista.
Preso a um tempo que não volta mais.
O futuro se descortina, seu vislumbre me atrai.
Sei que um dia vou embora desta terra. O mundo permanece e vai.
As lembranças vão se apagar.
Quem sabe o que aprendi possa me modificar? Os meus pais construíram o passado do qual estou a relembrar.
O presente eu construí, estou começando a me decepcionar.
Porém reconheço: nunca é tarde para recomeçar.
Reconstruir um novo mundo onde os