A HETERONOMIA A QUE PAULO FREIRE SE OPÕE A OPRESSÃO
3.1 - A OPRESSÃO A opressão, realidade histórica concreta da qual parte da humanidade é vítima, é a negação da vocação do homem de "ser mais" (FREIRE, 1983, p.35), é a negação da liberdade, negação do homem como "ser para si" (idem, p. 189), portanto, a condição de opressão é uma condição de heteronomia. Ao anular a vocação humana de ser mais, a opressão insere a dura realidade de ser menos. A opressão se verifica hoje em situações concretas como a miséria, a desigualdade social, a exploração do trabalho do homem, as relações autoritárias, etc, situações que fazem o homem viver em condição de heteronomia já que limitam ou anulam sua liberdade de optar e seu poder de realizar. A opressão é uma realidade desumanizante "que atinge aos que oprimem e aos oprimidos"33 (ibid, p. 35). A humanização é resultado da ação da própria humanidade, é o homem que se faz homem, e isso só é possível porque possui liberdade. Toda opressão, que em si mesma é alienante, leva o homem a ser para outro e ser menos, é negação da liberdade humana, é negação de seu caráter criativo e criador, é heteronomia. Segundo Freire (ibid, p. 44-45), a proibição de ser mais estabelecida pela opressão é em si mesma uma violência34. A resposta dos oprimidos a essa violência deve ser no sentido de buscar o direito de ser, sua luta é no sentido de fazer-se homem. Nas nossas sociedades, o processo de violência passa de geração em geração, o que vai formando uma consciência possessiva do mundo e dos homens, tudo é transformado em mercadoria, o dinheiro é a medida para tudo e o lucro torna-se o objetivo principal. No momento em que por meio dessa ganância desmedida dispõe da vida de pessoas, tirando-lhes a dignidade e a liberdade, transformando-as em coisa, as legam a situação de heteronomia. Para Freire (ibid, p. 52), a consciência do oprimido se encontra geralmente dentro de um mundo mágico e mítico, o que faz com que o