A GESTÃO DA NATUREZA E A NATUREZA DA GESTÃO: A FÁBULA DO APRENDIZ DE FEITICEIRO E A ADMINISTRAÇÃO DAS UNIDADES FEDERAIS DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA NO BRASIL.
A FÁBULA DO APRENDIZ DE FEITICEIRO E A ADMINISTRAÇÃO DAS UNIDADES FEDERAIS DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA NO BRASIL.
Jovelino Muniz de Andrade Filho
Analista Ambiental
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
ICMBio
Janeiro, 2010
1. INTRODUÇÃO
O tema central deste trabalho é a gestão ambiental executada pelo governo brasileiro. Mais especificamente sobre o processo de administração nacional da conservação da natureza in situ1, no período de 1989 a 2009. Neste espaço de tempo a coordenação nacional destas áreas naturais protegidas ficou sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e, mais recentemente (2007), passando para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. O trabalho propõe discutir as características da gestão nacional das UC e suas conseqüências neste período, através da análise do embasamento e pertinência sócio-jurídica, bem como do referencial e das especificidades do modelo de gestão.
A questão fundamental é: a gestão nacional da conservação in situ no Brasil, em função de uma deficiência em perceber e/ou entender a importância do enfoque sócio-jurídico e das dimensões sócio-técnicas das organizações modernas, adotou um modelo equivocado de gestão que lhe levou a executar ações inadequadas no âmbito das UC federais?
A hipótese central deste trabalho é que ações da instituição responsável pela administração nacional das UC não atenderam as necessidades exigidas pela conservação in situ no Brasil, em função de um desempenho incipiente, fruto de uma miopia institucional - de origens diversas - o que dificultou ou impediu o aprimoramento das atividades do dia-a-dia das UC em função, principalmente de:
Baixa prioridade às próprias UC (uma entre as mais de 300 áreas temáticas sob responsabilidade do IBAMA conforme metodologia da GTZ)2;