A Fun O Do Desejo
Mônica Regina Nogueira da Silva Vulej
Freud nos ensina no texto Três ensaios sobre a sexualidade (1905/2006) que a pulsão do saber está ligada à necessidade de investigação que surge com a sexualidade nas crianças por volta dos 3 a 5 anos de idade. A pulsão sexual percorre o corpo, as zonas erógenas, contribuindo para a constituição psíquica do sujeito e sua dimensão desejante. Mas quando sublimada, essa pulsão se manifesta pelo interesse, pela observação, pelo desvendar que tem como fonte motivadora a pulsão escópica.
O desejo de saber se manifesta na criança pela ânsia de saber sobre o sexual. O desejo de saber, a curiosidade, a possibilidade de perguntar, são despertados a partir da dissolução do complexo de Édipo. Mas, antes de aprender, antes de assimilar o saber, uma determinada ordem deve ser instaurada na família entre pai, mãe e filho. A partir dessa ordenação, a criança pode construir uma história e, portanto, interessar-se pelo saber e ordenar os significantes proporcionados pela escola. Se a criança permanece na posição de falo da mãe, não poderá questionar, formular perguntas ou articular qualquer saber. Este filho-sintoma não fala por si, mas ecoa uma palavra materna censurada. De um modo geral, o sintoma da criança, por exemplo, não articular ao saber, representa a verdade do casal parental, evidenciando a sua impossibilidade de separação. Essa separação vem através do significante Nome-do-Pai, aquele que barra o desejo da mãe.
O pai introduz a lei, interdita a mãe e enuncia a lei. Nesse processo de identificação com o pai, que se dá no terceiro tempo, a fase do declínio do Édipo, o sujeito se constitui como desejante, o que lhe abre a possibilidade de se interessar pelo saber. O sujeito, ao se separar do outro, constitui-se como sujeito dividido, marcado pela falta. Somente a partir dessa posição de faltante, o desejo pode surgir, inclusive o desejo de saber. Não se pode impor o saber à criança. Conforme Nominè