Os Planetas E Os Continentes K
Klaas. "Os planetas e os continentes: a
reinvençao do mundo exterior". In:
. Religião e Ciência
no Renascimento. Brasília: UnB, 1997, pp. 27-65.
Os planetas e os continentes: a reinvenção do mundo exterior
As navegações portuguesas e o descobrimento da América tiveram um profundo impacto sobre a cosmovisão européia, com conseqüências para a filosofia/teologia tradicionais. Não menor, por certo, foi o impacto da nova concepção astronômica proposta por Copérnico. Em seu conjunto, provocaram o descentramento do mundo e desnortearam o pensamento tradicional.
Copérnico e os planetas
A nova concepção do Universo proposta por Copérnico é vista, em geral, como uma revolução, concepção até ceito ponto adequada, visto que o sistema copernicano lidava com a revolução dos planetas e da Tenra em particular. Mas as idéias copemicanas, mais d-: que uma revolução, podem ser melhor consideradas como um passo na direção da revolução que tomaria lugar mais tarde, a partir de Gali^u, e dele até Newton. Se o pensamento de Copérnro era inovador, nao era inteiramente riovo, podendo ser mais bem caracterizado nos ter\mos do sincretismo que caracterizou o Renascimento. Tudo depende
'do ponto de vista pelo qual se o vê.
Existe um contraste fundamental entre a metafísica medieval e a moderna. Para o pensamento medieval, o homem ocupava um lugar mais significativo que a natureza física na obra da Criação; ele era o centro do Universo, e o mundo havia sido criado para seu uso. No pensamento moderno, a natureza é mais determinante que o homem.
Ademais, já desde a reinvenção do atomismo por Galileu, é a mesma matéria que compõe o Universo, rompendo-se a oposição cósmica entre o incorruptível superior e o corruptível inferior.
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••,KlaasWoortmann
Para a física medieval, não só o mundo existia para uso do homem, mas era também plenamente inteligível pelos sentidos e com relação aos usos humanos desse mundo. As categorias básicas desse pensamento, de inspiração