A fome segundo Josué de Castro
Escrito em 1946 no pós-segunda guerra mundial, o livro de Josué de Castro aborda um delicado tema, a fome para o autor é um dos mais graves problemas sociais enfrentados no mundo, problema esse quem vem dizimando populações silenciosamente. Nas primeiras paginas do livro ele demonstra extrema preocupação com a falta de interesse no estudo do problema da fome no mundo, A fome não é um problema isolado e tampouco exclusivo de determinadas regiões do globo. Mesmo assim, é um problema pouco discutido, pois preconceitos morais e os interesses de uma minoria dominante acabam evitando esse debate, questiona por quais motivos a fome é tão pouco estudada. Castro (2006, p.11) afirma que:
O assunto deste livro é bastante delicado e perigoso. A tal ponto delicado e perigoso que se constituiu num dos tabus de nossa civilização. É realmente estranho, chocante, o fato de que, num mundo como o nosso, caracterizado por tão excessiva capacidade de escrever-se e de publicar-se, haja até hoje tão pouca coisa escrita acerca do fenômeno da fome, em suas diferentes manifestações. Castro trabalha um conceito diferente de fome, não constitui objeto de estudo nesse ensaio a fome individual que segundo ele é tão bem apresentada pelos romancistas da fome que descrevem de forma tão clara o fenômeno da fome individual, em suas mais gritantes e melodramáticas sensações. O direcionamento dessa obra segundo Castro: “O nosso objetivo é analisar o fenômeno da fome coletiva — da fome atingindo endêmica ou epidemicamente as grandes massas humanas.” (Castro, 2006, p.18). O objetivo central da obra é a chamada fome oculta, na qual, pela falta permanente de determinados elementos nutritivos, em seus regimes habituais, grupos inteiros de populações se deixam morrer lentamente de fome, apesar de comerem todos os dias. É ao estudo dessas coletivas fomes parciais que propõem esse trabalho. Esse conceito de