A filosofia
Ocorre que essas temáticas são muito mais do que simples eventos ilustrativos presentes em manuais de filosofia, conforme indica Emily Wilson em sua obra A morte de Sócrates: “O julgamento de Sócrates e o seu resultado assinalam um problema com o qual as democracias até hoje têm que lidar, ou seja: o que fazer com os dissidentes.” Logo na introdução, a autora deixa claro que, em toda a sua obra, quer trabalhar com a concepção de um Sócrates multifacetado de um modo sem paralelo com qualquer outra personagem, isto porque ela não quer cair na tentação de taxar o filósofo como um precursor de uma série de grandes heróis que se rebelaram contra a opressão e restrição governamental, pois assim esqueceríamos que é possível não admirar Sócrates.
Para cumprir tal meta, Emily Wilson atravessa toda sorte de relatos, contrapondo as diversas figuras que compõem Sócrates: seu status na história, sua função de professor e mestre, sua vida familiar, entre outros.
A autora não omite fatos discutíveis da vida de Sócrates, pois apesar de defender a autonomia dos indivíduos contra a tirania das instituições, ele lutou pela cidade de Atenas em nada menos do que três campanhas militares durante a Guerra de Peloponeso, além de afirmar o dever de obediência aos deuses. Porém, sua atitude