A filosofia é a filha da cidade
A primeira idéia que nos vem à cabeça quando tentamos definir a filosofia é a de buscar uma razão histórica para sua existência. E como não temos a intenção de defini-la e nem de localizar precisamente a sua origem, preferimos admitir a filosofia como “ato de filosofar” e, com base nisso, compreender o homem como um ser situado numa época que se sente perplexo com a realidade vivida e começa a se interrogar sobre tal realidade, buscando uma razão fundamental para tudo o que existe. O melhor meio de se aproximar da filosofia é fazer perguntas. Só que não são perguntas/questões. São perguntas/problemas. São perguntas de caráter reflexivo, ou seja, o pensamento dentro de uma ação humana que permite uma tomada de atitude dos homens diante dos acontecimentos da vida. Reflexão vem da expressão latina reflectere, que significa “voltar atrás”. Ou seja, um repensar detidamente, prestar atenção, analisar com cuidado e interrogar-se sempre sobre as opiniões, as impressões, os conhecimentos técnico-científicos e o próprio sentido da filosofia. É difícil precisar o instante exato em que se inicia a atividade filosófica na história, ou quando as perguntas/problemas começam a ser feitas pelas pessoas em suas épocas. Para isso, precisaríamos saber em que momento o homem começou a questionar-se sobre si mesmo, sobre os outros homens, sobre o mundo em que vive. Em suma, teríamos de determinar quando e por que o homem começou a pensar mais seriamente, mais profundamente sobre determinados fenômenos que perturbavam sua existência. É claro que muitas explicações foram criadas para os fenômenos naturais que incomodavam os seres humanos; mas, em certo momento, alguns começam a duvidar dessas explicações. A partir da dúvida, o ato de filosofar ganha proporções importantes, pois, percebendo as contradições existentes nas diversas explicações dos acontecimentos do mundo, o homem passou a questioná-las, a pô-las em xeque, e a buscar respostar