A FILOSOFIA DE VOLTAIRE
Parte do pensamento filosófico de Voltaire foi veiculada por suas peças de teatro e por sua literatura. Nesse sentido, destaca-se a obra Cândido, ou o Otimismo, publicada em 1759. Nela Voltaire se opõe à metafísica de a Leibniz, que enuncia que como Deus criou o mundo, e Ele é perfeito e bom, então o mundo é, consequentemente, o melhor mundo possível. "Voltaire critica esse otimismo metafísico de Leibinz a partir das aventuras de Cândido, personagem que, a cada passo que dá, vê-se diante de alguma tragédia. Essa crítica tem relação com o fato de que, para Voltaire, a mera elucubração metafísica abstrata não tem nenhuma relevância e não expõem a verdade do mundo. Assim, Cândido aprende Filosofia caminhando pela vida. "Isso representa que, para o filósofo, filosofar não tem a ver com fazer teorias em um gabinete, muito pelo contrário, trata-se de viver e de agir efetivamente", sintetiza a professora Maria das Graças de Souza, do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo e especialista em História da Filosofia e Política.
Além da crítica à metafísica de Leibniz, Voltaire tratou de uma série de outros temas ao longo de sua vida. "Os principais assuntos dos quais o filósofo se ocupou têm relação direta com a crítica da cultura de seu tempo, a começar pela crítica da tradição religiosa judaico- cristã. Voltaire se opôs fortemente a todo tipo de dogmatismo, fanatismo e superstição, que vinculou tanto à Igreja Católica Romana quanto à Igreja Protestante", explica a professora. Boa parte da oposição à religião pode ser encontrada na obra Sermão dos Cinquenta, em que tanto o antigo quanto o novo testamento são severamente rebatidos.
Outro tema bastante caro para Voltaire, que esteve intimamente relacionado com a crítica religiosa, foi a questão da tolerância. Boa parte da obra do filósofo - e também sua atuação política e social, como será apresentado mais adiante - teve relação com a denúncia de diversos tipos de intolerância, tanto