O Jornalismo Esclarecido de Voltaire
Diego Cabral da Camara
No século XXI, com o advento das novas mídias, todos entendem mesmo que ludicamente os processos de comunicação. A internet nos trouxe o que hoje parece um ambiente livre, com espaço e sem limites para a discussão sadia sobre os mais diversos temas de nossa sociedade. Dentro deste processo, o jornalismo também aparece cada vez mais fragmentado e espalhado, e não mais circunscrito unicamente ao sistema clássico de mídia, composto pelos jornais, revistas, televisões e emissoras de rádio.
O jornalismo que pretende desenhar o filósofo francês iluminista Voltaire, parece a primeira vista ser bastante diferente do nosso jornalismo atual. Voltaire divide o seu Conselhos a um Jornalista em capítulos bem claros e focalizados: pretende, deste modo, discutir filosofia e arte literária com os escritores das gazetas de sua época, apresentar sua visão sobre o estilo e propor mudanças que visem o êxito dos veículos jornalísticos.
O objetivo deste pequeno artigo é, tratando desta obra, entender quem é este personagem, com quem Voltaire busca discussão e no que ele se diferencia do jornalista da nossa sociedade do século XXI. Além disso, vamos caracterizar muito bem como se dá o trabalho deste profissional, o conteúdo que ele deve compor para que possamos alcançar sua posição dentro da busca pelo esclarecimento na sociedade do século XVIII.
Não podemos de modo algum ver no jornalista de Voltaire uma imagem e semelhança do jornalista moderno, apesar que em muitos pontos as regras de Voltaire pareçam, a seu próprio estilo, ainda encaixarem como uma luva nos processos comunicativos de nossa sociedade. O jornalista da França do século do iluminismo é um grande crítico literário, um “homem de ciência e gosto”, como dirá o autor em sua introdução, um emissor das grandes artes ao público.
Para Voltaire, o jornalista não é meramente uma figura de comunicação e informação, mas também está bem caracterizada na figura deste