A filosofia analítica e a linguagem- Benveniste
CAPÍTULO 22
a filosofia analítica e a linguagem(242)
A
s interpretações filosófica, da linguagem su,citiim cm geral no lingüista certa apreensão. Pouco informado sobre o movimento das idéias, o lingüista é levado a pensar que os problemas próprios da linguagem, que são em primeiro lugar problemas formais, não podem prender o filósofo e, inversamente, que este se interessa sobretudo, na linguagem, por noções que o lingüista não pode aproveitar. Entra nessa atitude, talvez, alguma timidez diante das idéias gerais. A versão do lingüista por tudo o que ele qualifica, sumariamente, de "metafísico.' procede antes de tudo de uma consciência sempre mais viva da especificidade formal dos fatos lingüísticos, à qual os filósofos não são suficientemente sensiveis. Assim. tanto maior é o interesse com que o lingüista estudará as concepções da filosofia chamada analítica. Os filósofos de
Oxford dedicam-se à análise da linguagem comum, como é falada, para renovar o próprio fundamento da filosofia, libertando-a das abstrações e dos quadros convencionais. Houve em Rovaumont um colóquio, cujo objeto foi precisamente o relatório da discussão dessa filosofia043t. Segundo um dos seus representantes, a escola de Oxford atribui às línguas naturais o valor de um objeto excep-
242 Les rondes plelosophiques, n." 1, jan.-mar. 1963. PAU+
243. La philosophie analtique. Paris, Editions de Minuii. 1962 I( ahicrs de
Royaumont1.. Philos„ophie, n.° IV). É lamentável que esse colóquio não tenha aparecido cm nenhuma publicação na dona em que ocorreu.
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Os filósofos de Oxford abordam a filosofia, quase sem exceção, após um estudo muito desenvolvido das humanidades clássicas. Interessam-se. pois, espontaneamente pelas palavras, pela sintaxe. pelos idiotismos. Não quereriam utilizar a análise linguística para o fim único de resolver os