A ferro e fogo
E A DEVASTAÇÃO DA
MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA
Warren Dean
São Paulo, Companhia das Letras, 1996. 484 p.
Há exatamente 137 anos iniciava-se o primeiro programa de reflorestamento da Mata Atlântica com a recomposição das florestas da Tijuca e
Paineiras, no Rio de Janeiro, que à época já apresentavam suas constituições florísticas originais consideravelmente degradadas em decorrência de intensa atividade antrópica. Assim como esses, outros segmentos da vasta formação florestal que originalmente recobria a costa leste do Brasil entre 8° e 28° de latitude sul e se estendia para o interior cerca de 100km em sua porção norte e mais de 500km na sul, mostravam-se também sensivelmente depauperados, especialmente em áreas do Nordeste e Minas
Gerais. A continuada devastação do bioma Mata
Atlântica acabou por reduzir sua constituição original a menos de 10% da área coberta originalmente, o que, independentemente de perdas relativas à sua fitofisionomia e diversidade zoológica, provocou também severas alterações climáticas e pedológicas, notadamente na região nordestina. O historiador e brasilianista norte-americano
Warren Dean, ao discorrer nos 15 capítulos que compõem sua obra sobre a história das relações entre o homem e um dos mais importantes ecossistemas mundiais — a Mata Atlântica —, avalia, através de um estudo pioneiro, as várias fases da interferência humana sobre esse ecossistema único, apontando as trágicas, e muitas vezes irreversíveis, conseqüências do processo. Tal panorama, mostra o autor, só começa a se modificar recentemente com o movimento universal de conscientização ecológica, que tem induzido a criação de legislação de proteção e programas de reflorestamento, educação ambiental e manejo da floresta.
Na esteira da obra clássica de Jean Dordst
Antes que a natureza morra, que já em 1964 alertava sobre o crescente desequilíbrio ecológico no mundo moderno em decorrência das invariavelmente