A explosão de vozes do jornalismo
No espaço aberto da internet, onde nem profissionais da área, nem grandes veículos de comunicação falam mais sozinhos, podem ser gestadas novas formas e narrativas jornalísticas
Por Glauco Faria
Entre aqueles que tentaram resistir à ideia da internet ser algo revolucionário na área da comunicação, tornou-se lugar comum dizer que “a televisão não matou o rádio”, fazendo referência ao fato de que uma nova plataforma não substitui necessariamente a anterior. No entanto, a internet não absorve ou remodela simplesmente conteúdos das antigas plataformas, mas possui características que a tornam um fenômeno ainda não totalmente compreendido nem mesmo nos meios acadêmicos. Além de ser um meio interativo por excelência, seu caráter aberto faz com que a produção de seus conteúdos não esteja sob domínio quase absoluto das grandes corporações, como ocorre com outros meios. E essas são duas das características da rede que fazem com que o jornalismo e o próprio fazer jornalístico cheguem a uma encruzilhada.
Em seu novo livro A explosão do jornalismo – Das mídias de massa à massa de mídias, lançado em junho pela Publisher Brasil (veja mais aqui), Ignacio Ramonet aborda a questão com rara precisão. “A internet é totalizadora. Uma lógica nova instala-se – não desprovida de riscos –, diferente daquela da produção fordista da época industrial. Naquela época, mesmo que vários ‘operários especializados’ pudessem contribuir na fabricação de um produto, este, no final, era entregue completo, acabado, fechado, e correspondia ponto por ponto ao projeto inicial. Esse não é mais o caso”, aponta. Cita ainda Jeff Jarvis, blogueiro e professor de jornalismo da City University de Nova York, que afirma: “A internet não é uma mídia.” Segundo ele, trata-se de “uma sociedade, um espaço onde nós podemos nos conectar com os outros […]. As empresas midiáticas pensam que a internet deveria se comportar como uma mídia. Elas estão enganadas”.
Aqueles que