A evolução da dicotomia público e privado
Na esfera pública, os indivíduos são sempre concebidos como cidadãos, seja na condição de usuários do serviço público ou submetidos a leis e normas impostas pelo Estado, enquanto que na esfera privada, os indivíduos são concebidos como pessoas que defendem interesses individuais. Para entendermos a evolução desses conceitos público e privado é necessário entendermos as mudanças ocorridas ao longo da história.
Na antiguidade, a civilização grega tinha bem definida os espaços de abrangência pública e privada, como exemplo, citamos a Ágora, era o lugar onde se expunham as discussões dos assuntos políticos e jurídicos, fundamentados em argumentos, em busca de chegar ao consenso do que seria mais adequado à sociedade e solução de problemas comuns. Nesse ambiente, com condições de homogeneidade moral e política e de ausência de anonimato, eram tratados assuntos de interesse da população, ou seja, interesse público. O espaço privado era representado exclusivamente pela casa do indivíduo, considerado um lugar sagrado e inviolável, pertencente a família de geração em geração, onde a “lei” era ditada pelos membros da família e não sofreriam imposições externas. O espaço privado também era representado por aqueles que não eram considerados cidadãos, como as mulheres, os escravos e os comerciantes.
Na Idade Média, as relações sofrem significativas transformações. Não se discutia mais publicamente os problemas sociais da sociedade e os espaços físicos como o Ágora foram extintos, isso representou um retrocesso ante as conquistas da Antiguidade. O poder político passou a ser exercido pelos senhores feudais, que impunham suas próprias leis que definiam o