A EVOLUCAO DO GENERO LIRICO
A poesia lírica é intrínseca à natureza humana. Os antigos gregos manifestavam em versos líricos várias atividades: o sentimento religioso (hino), a disputa esportiva (epinício), a exaltação de um homem ilustre (encômio), a celebração das núpcias (epitalâmio), a dor pela morte de um ente querido (treno), o gracejo obsceno (jambo), os preceitos morais e os sentimentos da pátria e do amor (elegia gnômica, guerreira e erótica). Infelizmente, da maravilhosa produção lírica da Grécia antiga só restaram fragmentos. Os considerados mais importantes, pelo fato de que suas formas métricas e conteúdos ideológicos tiveram imitadores ao longo da história da lírica do Ocidente, pertencem a três grandes poetas: Safo (625-580 a.C.), a grande poetisa do amor; Píndaro (518-438 a.C.), que em suas famosas Odes exalta os ideais do povo grego; e Anacreonte (564-478 a.C.), o cantor das alegrias da mesa (Skólia) e da cama (Erótika).
A lírica de língua latina seguiu, de uma forma geral, os modelos criados pelos gregos, embora o conteúdo poemático espelhe a diferente sensibilidade do povo romano. A literatura latina apresenta quatro poetas líricos de primeira grandeza: Catulo, Horácio, Virgílio e Ovídio. Catulo (87-54 a.C.), considerado um dos maiores poetas líricos de todos os tempos, deixou-nos uma coletânea de 116 poemas, intitulada G. Valerii Catulli Liber, de onde se destacam as Nugae (Brincadeiras), poesias leves, de assunto amoroso, que retratam a trajetória de sua paixão infeliz pela sedutora e volúvel Lésbia. Horácio (65-8 a.C.), o poeta mais "clássico", foi o modelo em que se inspiraram todos os poetas europeus até a revolução estética do romantismo. Além de poeta propriamente lírico (autor de quatro livros de odes), ele foi o maior escritor de sátiras (dois livros), gênero poético inventado pelos romanos, e de epístolas, cartas em verso dirigidas a amigos, de assunto estético-filosófico. Virgílio (70-19 a.C.), mais conhecido pelo poema épico Eneida,