A estrutura narrativa
Diz-se, de modo corriqueiro, que narrar é contar uma história. Mas o que é contar uma história? Quais operações mentais e linguísticas realizamos quando relatamos um sonho que tivemos, um filme a que assistimos, algo que presenciamos ou até mesmo um enredo inventado? Vejamos um exemplo:
Pedro era um rapaz preguiçoso, que não gostava de estudar. Um dia, porém, ele se apaixonou por uma colega bonita e inteligente, que não só tirava boas notas na escola como ainda tocava piano e falava o francês. Despertado por essa paixão, Pedro passou a se esforçar e a progredir nos estudos. Hoje ele é um dos primeiros alunos da classe.
O texto relata a transformação de Pedro. Na narrativa, portanto, parte-se de um estado inicial e chega-se a um estado final: Pedro era um rapaz preguiçoso, que não gostava de estudar. Hoje ele é um dos primeiros alunos da classe. A esses enunciados dá-se o nome de enunciados de estado. Entre o estado inicial e o estado final, narram-se os acontecimentos responsáveis pela mudança do rapaz: [...] ele se apaixonou por uma colega bonita e inteligente [...] passou a se esforçar e a progredir nos estudos. Estes últimos são chamados de enunciados de ação. Mas, para compreender melhor como se articula uma narrativa, é preciso explicar ainda que esses tipos de enunciados (de estado e de ação) são geralmente agrupados em quatro fases diferentes: manipulação, competência, performance e sanção. A manipulação é a parte da história em que uma personagem ou uma situação induz outra personagem a fazer alguma coisa. Na fase da competência, a personagem que realiza a ação adquire a vontade e a possibilidade de fazer aquela coisa. Já a performance é a ação propriamente dita, enquanto que a sanção é a recompensa ou o castigo que a personagem recebe por ter realizado tal ação. Verifiquemos essas quatro fases na história que tomamos como exemplo: A paixão pela garota desperta em Pedro a vontade de estudar. Ele se esforça e consegue ser o