Estrutura da narrativa
1. ENREDO (trama ou intriga; plot (ingl.), sujet (fr.) - resulta da ação das personagens e adquire existência através do discurso narrativo; encadeamento dos fatos e episódios conforme aparecem na narrativa. Tema: refere-se à idéia constituída pela união dos motivos (elementos mínimos) da obra. Até o século XIX, normalmente, o romance apresentava de modo mais demarcado as seguintes partes: apresentação, complicação, clímax, epílogo. Exemplos de narrativas que apresentam partes “bem delimitadas” encontram-se no Romantismo e Realismo. No romance moderno, desaparecem certos limites: o final pode ser aberto, possibilitando soluções e interpretações diferentes; crise dos modelos tradicionais; surpresa romanesca; rejeição à onisciência narrativa; cruzamento de pontos de vista diferentes do(s) narrador (es).
2. PERSONAGENS - são os agentes essenciais da narrativa, construídos a partir do universo do próprio autor (suas memórias, carências, historias), do inconsciente coletivo, enfim, dos “pedacinhos” da humanidade. Classificam-se em: protagonista (personagem principal; pode ser um herói, como Ulisses, de Homero; uma pessoa comum, particularmente na modernidade; um anti-herói, “herói pícaro”, “herói baixo”, “herói problemático”), antagonista (comumente é um vilão. Este também pode ser protagonista), coadjuvante e/ou personagens secundários. Classificação de personagens segundo E. M. Foster: planas ou desenhadas (“flat characters”, tipos com traços básicos previsíveis, tendendo à caricatura. Ex: Sinhozinho Malta, na novela Roque Santeiro) e redondas, esféricas ou modeladas (“round characters”, com maior complexidade, surpreendentes). Idéias, fatos, desejos, objetos, árvores, fenômenos não são considerados como personagens, mas podem representar “projeções” de personagens. Ex: A cachorra