A ERA DAS METAS IMPOSSÍVEIS 25-08-11
A era das metas impossíveis
Para acelerar o crescimento, algumas grandes empresas brasileiras estão impondo objetivos inalcançáveis a seus executivos. O resultado não pode ser bom
Tatiana Vaz
“Quando aceitei dirigir uma das unidades de negócios de uma grande empresa brasileira, em janeiro do ano passado, estava animado pelo bônus de até seis salários extras que poderia ganhar se batesse a meta do aumento de vendas da minha área — um dos motivos que me convenceram a topar o desafio. Não medi esforços e os resultados começaram a aparecer. À medida que os meses passavam, a meta parecia mais e mais próxima de ser batida. Mas no início do segundo semestre veio a surpresa. Como eu, os executivos que estavam próximos dos resultados almejados tiveram suas metas mais que dobradas pela presidência. Só não alteraram os objetivos das áreas que estavam longe de atingi-los. A sensação foi a de que uma tremenda injustiça estava sendo cometida. Era como se estivéssemos todos tentando correr num campo de areia movediça. Quanto mais perto chegávamos dos objetivos, mais distante eles ficavam. Ainda assim consegui elevar as vendas da unidade a um patamar quatro vezes maior do que o combinado inicialmente. Mesmo com esse esforço, em abril deste ano recebi como bônus referente ao desempenho de 2010 pouco mais de um salário. Isso aconteceu porque a empresa considerou a meta definida no segundo semestre para recompensar toda a equipe. Isso é meritocracia?”
O depoimento que você acaba de ler, feito por um alto executivo que pediu anonimato, soa familiar para um número cada vez maior de profissionais. A despeito da instabilidade internacional, o Brasil vem experimentando uma fase de crescimento contínuo. Para as multinacionais, enquanto os mercados europeu e americano sofrem com a crise, o Brasil se torna uma tábua de salvação. Para boa parte das