A era da informação
PorDanielle Martins- Postado em 05 março 2013
Às vésperas de lançar novo livro, sociólogo aposta numa articulação entre internet e praças reocupadas, pode reinventar democracia e sociedades.
Entrevista a Francisco Guaita, da RT-TV | Transcrição e tradução: Daniela Frabasile
Manuel Castells parece mais disposto do que nunca a derivar, de suas teorias, saídas políticas. Nas próximas semanas, lançará a primeira edição, em castelhano, de “Redes de Indignação e Esperança”, seu novo livro. O autor de obras como a trilogia “A Era da Informação”, que ajudaram a decifrar tendências de longo prazo da sociedade e da democracia contemporâneas, está convencido de que é preciso intervir rápido, andes que elas se percam.
Observador atento e colaborador ativo dos “indignados” espanhóis, este sociólogo de projeção internacional costuma frisar que a mudança de mentalidades, desejada pelo movimento, requer tempo. Mas será possível esperar?
Castells também tem observado que a velha democracia fechou-se sobre si mesma, devido a dois fatores principais. Uma pequena oligarquia, ligada às finanças, enriquece graças ao Estado. São os aplicadores em títulos públicos, cujos rendimentos biliónários já não estão diretamente ligados à produção: dependem de governantes dispostos a manter juros elevados; a livrar os bancos de controle; a reprimir despesas estatais voltadas a outras classes sociais – como a manutenção dos serviços públicos, aposentadorias e programas redistributivos.
E esta oligarquia, que tem fartos recursos para patrocinar campanhas eleitorais, abastecer a mídia tradicional e produzir intensa ação de “lobby”, associa-se, na maior parte dos países, a uma classe de “políticos profissionais” que tende ao autismo. Preocupados em conservar seu poder, rechaçam as múltiplas chances de democracia que as novas tecnologias viabilizam. Recorrem com frequência à violência policial. Ameaçam permanentemente a própria liberdade na