A EPISTEMOLOGIA ENGAJADA DE HUGH LACEY

6339 palavras 26 páginas
A EPISTEMOLOGIA ENGAJADA DE HUGH LACEY

Marcos Barbosa de Oliveira
Universidade de São Paulo
Publicado em Manuscrito XXI(2), outubro de 1998, pp.113-135, e como o cap. XIII de Da ciência cognitiva à dialética (São Paulo, Discurso Editorial, 1999), pp. 209-222.

Hugh Lacey é australiano de nascimento. Fez seus estudos de graduação e mestrado na Universidade de Melbourne, o doutorado nos Estados Unidos
(Universidade de Indiana) e, de 1969 a 1971 foi professor do Departamento de Filosofia da USP. Retornou então aos Estados Unidos, onde reside até hoje, sendo desde 1972 professor do Swarthmore College (Pennsylvania). Mas ao longo de todo este último período, Lacey permaneceu um participante assíduo da cena filosófica brasileira, tendo nos visitado, com bastante regularidade, para ministrar cursos e palestras, tomar parte em congressos, etc.
No plano teórico, seu percurso pode ser dividido em três fases. Na primeira,
Lacey dedicou-se a temas relativamente especializados, porém bem estabelecidos dentro da tradição anglo-saxônica, ou analítica na filosofia da ciência, e relativos à lógica, aos fundamentos da matemática, e aos domínios do espaço e do tempo. São representativos desta fase, além das teses de mestrado (Proof and truth in mathematics, 1963), e doutorado (Causal order and the topological properties of time, 1966), um artigo sobre o teorema de Gödel, escrito em colaboração com G. Joseph e muito citado na literatura subseqüente (‘What the Gödel formula says’), e o livro A linguagem do espaço e do tempo, publicado em português, pela Editora Perspectiva, em 1972. O elemento formal tem um peso considerável nestes escritos, quer enquanto tema, quer pelo tipo de abordagem. Tendo em vista o contraste, a ser discutido mais tarde, com a terceira fase, convém observar que nesta primeira as publicações de Lacey o situam plenamente na mainstream da filosofia analítica da ciência.
Na segunda fase, o foco de interesse passa das ciências naturais e

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