A divisão do trabalho
Harry Braverman
A chamada divisão manufatureira do trabalho é produto direto do modo capitalista de produção e princípio fundamental da organização industrial. Difere totalmente da divisão do trabalho em ofícios, como ocorria, por exemplo, em tribos indígenas, que dividiam as tarefas de acordo com o sexo.
Esta última, a qual Marx chama de “divisão social do trabalho”, está presente em todo o tipo de sociedade e não pressupõe limitação da capacidade do indivíduo sobre a execução do trabalho. Já a divisão pós-Revolução Industrial, por subdividir o trabalho em operações limitadas, onde cada etapa é realizada por um trabalhador diferente, torna o operário inapto a entender o processo produtivo como um todo. Há, porém, uma corrente de pensamento que ignora tal distinção. Wilbert Moore afirma que a divisão do trabalho sempre existiu, alterando-se apenas em grau ao longo dos anos, não podendo haver contrastes entre a partilha de tarefas em ofícios e a subdivisão do trabalho nas fábricas. Segundo Emile Durkheim, a divisão do trabalho é uma forma de progresso. Tais visões foram adotadas pelos capitalistas e burgueses. Todo processo de trabalho organizado tem como característica a análise do processo de trabalho, ou seja, a separação em seus elementos constituintes, para que o trabalhador possa ajustar-se às suas próprias necessidades – produção em grandes quantidades com menos trabalho e maior economia de tempo. Tais métodos representam a primeira forma de parcelamento do trabalho, e satisfazem as três vantagens econômicas fundamentais citadas por Adam Smith em “A Riqueza das Nações”: aumento da destreza de cada trabalhador individualmente, economia de tempo e invenção de máquinas que facilitem o processo produtivo. É necessário notar que aqui não somente as operações são divididas, como cada uma é atribuída a um trabalhador diferente. Dessa forma, não temos mais a análise do processo de trabalho, mas sim