A diversidade cultural

A DIVERSIDADE CULTURAL: A IDENTIDADE, ETNOCENTRISMO E RELATIVISMO
Arnaldo Eugênio1

[...] Porque é o nosso olhar que aprisiona muitas vezes os outros nas suas pertenças mais estreitas e também o nosso olhar que tem o poder de os libertar.
Amin Malouf

Para a compreensão da diversidade cultural urge entender os fundamentos conceituais de “identidade”, “etnocentrismo” e “relativismo cultural” enquanto referências conflitantes. Nesse sentido, é fundamental perceber o efeito das posturas etnocêntricas e relativistas na sociedade para o entendimento de como se operam politicamente as identidades e as diferenças. A diversidade cultural perpassa todas as identidades humanas – no planeta, na nação, no estado, na cidade, no campo, na rua, no âmbito privado – nas mais diferentes territorialidades ocupadas pelo ser humano e se apresenta em todas as dimensões políticas, nos planos global, regional e local. Segundo Hall (2003), uma identidade se constrói por uma relação de pertencimento interno ao grupo e reconhecimento externo do outro ou dos outros.
A dinâmica da relação entre como nos vemos e como somos vistos, os processos de reconhecimento individual e social compõem a nossa identidade. Mas também olhamos o outro. Vivemos no espelho da interação social, no campo da alteridade. Assim, identidade e alteridade são construções teóricas relacionais básicas nos Estudos Culturais. A trama social construída entre os movimentos de ver, ser e ser visto modela a teoria do reconhecimento. Os olhares, entretanto, têm significados e se colocam em uma territorialidade de poder.
Desse modo, lutar por reconhecimento motiva a necessidade de pertencimento dos indivíduos e dos grupos, em busca de afirmação e reconhecimento cultural e política (HONNETH, 2003). As ações de dominação cultural, quando alcançam êxito, deslocam os sujeitos dos seus lugares, colocando-os em um plano de esvaziamento cultural frágil, em que a imagem que têm de si mesmos é negativa, enquanto o outro é visto