A Dita Papisa Joana
A estória
Nos debates concernentes à Papisa Joana são evocados onze textos ou fontes escritas, que se escalonam entre os anos de 886 e 1279. Esses onze textos se reduzem a duas famílias de documentos: uma família é a da Chronica universalis Mettensis, devida ao dominicano João de Mailly e redigida por volta de 1250. A outra família é a do Chronicon pontificum et imperatorum, documento confeccionado pelo confrade dominicano Martinho de Tropau, dito “Polono” († 1279). Os relatos da estória encontrados em documentos mais antigos do que os dois atrás citados são devidos a interpolações posteriores ao século XIII (interpolações, pois, tardias, feitas em documentos dos séculos IX - XII).
Que dizem as duas fontes sobre a Papisa Joana?
1) A recensão da Chronica universalis Mettensis refere o seguinte:
Em Roma, uma mulher simulou o sexo masculino; e, muito inteligente como era, veio a ser notário da Cúria pontifícia, Cardeal e Papa. Um belo dia, tendo montado a cavalo, foi acometida de dores de parto. A justiça de Roma então a condenou a ser amarrada pelos pés ao rabo de um cavalo, que a arrastou meia-légua de distância, enquanto o povo a apedrejava. Foi sepultada no lugar mesmo em que morreu.
Um cronista posterior, Estevão de Bourbon, acrescentou dois trapos a essa narrativa: Joana fora ter a Roma (a crônica anterior nada dizia sobre a origem da “heroína”), e se tornara Cardeal e Papa com o auxílio do demônio.
Posteriormente, um cronista de Erfurt observou, em acréscimo, que Joana era uma bela mulher; também modificou o papel do demônio, dizendo que este denunciara num consistório que Joana estava grávida.
A crônica de Metz coloca tal episódio logo após o pontificado do Papa Vítor III († 1087). Estevão de Bourbon diz que ocorreu por volta de 1100, após a morte de Urbano II (1099), ao passo que o cronista de Erfurt retrocede até 915, depois do governo de Sérgio III († 914)!
2) A recensão de Martinho Polono é