a discussão sobre o cinema
Ainda sobre essa questão de caráter catártico que o cinema apresenta, Benjamin faz algumas comparações. No teatro, por exemplo, ele afirma que é o ator em pessoa que apresenta diante do público sua própria atuação artística: já a atuação do ator cinematográfico exige a mediação de todo um mecanismo. Decorrem desse fato duas consequências: em primeiro lugar, a aparelhagem que transmite a atuação do artista não é obrigada a respeitá-la por completa. Diversas tomadas de posições constituem o material que resultará na montagem do filme. Em segundo, o intérprete cinematográfico não tem a possibilidade de readaptar sua apresentação diante das reações da plateia. “O público encontra-se na situação de um expert cujo julgamento não é alterado por nenhum contato pessoal com o intérprete”, afirma o autor. No cinema o que importa não é o fato de o ator apresentar ao público outro personagem que não ele mesmo; é antes o fato de que ele próprio se apresenta no aparelho. O homem não pode separar-se de sua aura, pois esta depende do seu hic et nunc. Ela não suporta reprodução alguma. No teatro, a aura de Macbeth está sempre presente no artista que o interpreta e pode ser sentida pelo público. A filmagem tem como característica a substituição do público pelo aparelho. A aura de ambos se esvai, do personagem e do ator. Arnheim afirma que, no cinema, “é quase sempre representando menos que se