AS FLORES DE MISS COOKE E A DESCOBERTA DA DIGITAL Até o início do século XX a Botânica era uma disciplina importante do curso médico, porquanto grande parte dos medicamentos até então utilizados provinha de plantas e consistia de extratos de vegetais preparados artesanalmente, muitas vezes pelo próprio médico. William Withering, estudante de medicina em Edimburg, na Inglaterra, tinha particular aversão pela Botânica e seus estudos nessa área limitaram-se ao mínimo necessário para obter aprovação no curso médico. Withering viveu de 1741 a 1799. Graduou-se em medicina em 1766 e passou a clinicar na pequena cidade de Stafford. Uma de suas primeiras clientes foi uma jovem e talentosa pintora, de nome Helen Cooke, por quem Withering logo se apaixonou. Miss Cooke tinha especial predileção pela pintura de flores e Withering passou a coletar flores do campo para ela pintar. Interessou-se de tal maneira pelas plantas que voltou a estudar Botânica e se tornou profundo conhecedor da flora britânica, chegando a publicar um livro sobre as plantas nativas da Inglaterra.. De tanto ganhar flores, Miss Cooke terminou por corresponder ao amor de Withering. Após desposar Miss Cooke, Withering transferiu-se para Birmingham, que já despontava como um centro industrial. Nesta cidade passou a integrar um grupo seleto de intelectuais que formavam a Sociedade Lunar de Birmingham, assim chamada pelo fato de seus membros se reunirem em noites de lua cheia, pois não havia iluminação nas ruas. Em Birmingham Withering foi um clínico de sucesso. Sua grande contribuição à medicina consistiu na descoberta da ação terapêutica da digital (Digitalis purpurea). Em seu trabalho intitulado Account of the foxglove and some of its medical uses, publicado em 1785, o autor nos conta como fez a sua descoberta baseado na medicina popular.
"No ano de 1775 tive minha atenção despertada para uma receita popular destinada à