A cultura
Raquel Niskier Sanchez2 Maria Cecília de Souza Minayo3 Introdução Em seu sentido mais abrangente, definido na 8.ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, e consagrado na Constituição cidadã de 1988, a “saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso a serviços de saúde”. Ela é, pois, sinônimo de qualidade de vida, entende o ser humano de forma integral, assegurando-lhe os direitos fundamentais desde o nascimento até o final da existência. Coerente com o exposto acima, pode-se afirmar que a violência e suas consequências negativas sobre a saúde são, antes de tudo, uma violação dos direitos humanos, não escolhe classe social, raça, credo, etnia, sexo e idade (SANCHEZ, 2003). Ela, frequentemente, integra o âmbito familiar, as relações interpessoais nas ruas e nas instituições e está presente nas zonas rural e urbana. Embora ocorra em todas as faixas etárias, são as crianças e os adolescentes, por estarem em processo de crescimento e desenvolvimento, os que se apresentam em situação de maior vulnerabilidade e sofrem maiores repercussões sobre sua saúde. A violência contra crianças e adolescentes acompanha a trajetória da humanidade desde os tempos antigos até o presente. É, portanto, uma forma secular de relacionamento das sociedades, variando em expressões e explicações. Sua superação se faz pela construção histórica que “desnaturaliza” a cultura adultocêntrica, dominadora e patriarcal da sociedade brasileira. Esse tipo de violência pode ser definido como: atos ou omissões dos pais, parentes, responsáveis, instituições e, em última instância, da sociedade em geral, que redundem em dano físico, emocional, sexual e moral às vítimas, seres em formação (BRASIL, 2001; ASSIS; GUERRA, 1996; DESLANDES, 1994; ASSIS, 1994).
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Fonte do texto: SANCHEZ, Raquel Niskier e