A criação do renascimento
Núbia Parol
A CRIAÇÃO DO RENASCIMENTO
A transição de uma época para outra não é um fenômeno de ruptura, como os termos “passagem da Idade Média para a Moderna” parecem dizer. É um fenômeno de continuidade, onde as instituições e as mentalidades mudam de forma lenta e continua, até que se tenha uma nova forma de pensar e novas instituições, ou adaptação das antigas. Muito se escreveu para o assunto, e dando aqui foco à quatro historiadores em especifico, temos quatro opiniões distintas que podem se aproximar em alguns pontos, mas sempre se distanciam em outros.
Os Historiadores
Jules Michelet¹, historiador francês do século XIX, admirador e contemporâneo da Revolução Francesa fala sobre o Renascimento como um projeto de revolução, que não foi tão bem sucedida quanto à de 1987, pois os caminhos para as mudanças religiosas e políticas estavam fechados, de forma que o Renascimento se ocupou das artes plásticas, da arquitetura e da literatura. Jacob Burckhard² – historiador suíço que soa como um italiano nacionalista -, por outro lado, prefere ver o Renascimento como um produto do espírito italiano, uma busca romancista pelas origens italianas que leva aos clássicos romanos. De forma que, nenhuma outra nação poderia ter – mesmo que imbuída pelo mesmo espírito – apontado na direção do renascimento como ele se deu na Itália, mas haveria outros resultados, como os grandes descobrimentos portugueses, por exemplo.
Uma perspectiva diferente nos é oferecida por José Antônio Maravall³ - que aborda o tema através do conceito de progresso, onde a cultura caminha sempre na direção da perfeição – e por Carlo Ginzburg⁴, cuja abordagem se baseia sobre as diferentes interpretações de uma mesma idéia em diferentes épocas. Tanto Maravall quanto Ginzburg são historiadores do século XX, este italiano e aquele espanhol.
Os Conceitos
O momento em que o historiador escreve, seu contexto, fala através das palavras no papel. Por mais