A criação da escola
Desde que foi criada a escola é um mecanismo de exclusão, logo, no Brasil isso não poderia ser diferente. Enquanto era um espaço onde os jesuítas catequizavam os índios, ou ainda onde alguns pobres aprendiam determinado ofício, a escola não era de interesse das famílias aristocratas, seja por uma questão de preconceito, saúde, emulação, disciplina ou pelo status diferenciado de quem recebia educação em casa, afinal de contas, aqueles que poderiam pagar preceptores para ensinar aos seus herdeiros, certamente pertenciam a mais alta sociedade latifundiária da época. É importante notar que nem sempre a escola teve importância para esta classe, apenas após a segunda metade do século XVIII é que o Estado Imperial passou a priorizar a educação, com a formação de um corpo de funcionários. Aos professores, cabia a partir de então a educação, função que antes era dos jesuítas e outros clérigos, e para se prepararem para a profissão, carente de funcionários é que surgiram as escolas normais. Assim a elite passou a colocar seus filhos nas escolas públicas, uma vez que esta atenderia os seus interesses. A partir de então a escola pública constituiu o grande abismo entre ricos e pobres. A escola foi um espaço criado para atender às elites, e, a partir de então, o perfil do aluno ideal que a escola passou a querer era exatamente o da elite embranquecida. Aos pobres ficou relegada a criação de escolas mais humildes, em povoados bem distantes dos grandes centros e da elite, ou a criação de escolas ambulantes, com professores que se deslocavam e que custavam bem menos aos cofres públicos.
Os níveis de ensino foram divididos de modo que o primário ficou desde sempre esquecido, excluído, até porque a elite já havia superado essa etapa na educação com os preceptores vindos ou pelo menos que tivessem estudado em alguma parte da Europa. Os outros níveis de ensino ficavam a cargo das províncias ou do governo central, enquanto o nível universitário era efetiva