A CRIANÇA EO MOVIMENTO
Diásporas, Diversidades, Deslocamentos
23 a 26 de agosto de 2010
DIA DAS MÃES E DIA DOS PAIS: GÊNERO E FAMÍLIA NA ESCOLA
Cláudia Denis Alves da Paz1
Este artigo se propõe a discutir as relações de gênero no trabalho pedagógico em uma escola de Educação Infantil, em Brasília, Distrito Federal, focando aqui, mais especificamente as festas realizadas para comemorar o Dia das Mães e o Dia dos Pais. Para atingir o objetivo e colhermos os dados, utilizamos abordagem de investigação qualitativa, na perspectiva etnográfica, o que possibilitou a interação com os sujeitos em seu cotidiano de forma natural, sem interferir em suas rotinas. Os dados foram levantados por meio de observação participante, notas de campo e grupo de discussão, durante o ano de 2008, para uma pesquisa de mestrado.
A sociedade brasileira, durante o século XIX, passou por transformações que contribuíram para a consolidação do capitalismo, a urbanização e a ascensão da burguesia. A família burguesa que se desenvolveu no processo histórico brasileiro tinha como características o modelo nuclear, a valorização da maternidade e do cuidado com a família. Nesta configuração, “um sólido ambiente familiar, o lar acolhedor, filhos educados e esposa dedicada ao marido, às crianças e desobrigada de qualquer trabalho produtivo representavam o ideal de retidão e probidade, um tesouro social imprescindível” (D’Incão, 2006, p. 223). No século XX, a imagem da família era do casal e os filhos/as que moravam na mesma casa, com o marido visto como provedor. Esse contexto começou a sofrer alterações a partir de 1980. A crise econômica mundial da época levou as famílias a reduzirem o número de filhos. Simultaneamente, aumentaram as famílias monoparentais e reconstituídas e as mulheres passaram a ter maior participação no mercado de trabalho.
Apesar das mudanças ocorridas na vida social e familiar brasileira, a escola ainda reproduz o modelo citado por D’Incão, desconsiderando a