a crianca em seu mundo
Anete cita um artigo escrito por Régine Sirota, precursora da Sociologia da Infância francesa, no qual ela revela, um pouco como anedota, sobre a surpresa e o desprezo de seus colegas pesquisadores franceses, ao narrar que suas pesquisas são sobre os ritos de socialização e cultura infantil, em especial sobre as festas de aniversário. “Ela diz que, pelo olhar desses colegas da Sociologia, preocupados com o fracasso e o desempenho escolar, lhes pareceu pouco sério uma colega se preocupar com aniversários de crianças. A Sociologia da Infância vive este drama: procura mostrar a relevância de seus temas, pois é como se os próprios sociólogos vissem esta linha de atuação como uma ‘sociologia de cozinha’, ‘antropologia de casa’, feito por pequenos problemas.”
No Brasil, segundo a professora, não é diferente. “A Sociologia, de certa maneira, também encara os temas relativos à infância como menores. As crianças, quando são estudadas, aparecem como um resíduo no interior daquilo que são consagrados como grandes temas: o mercado de trabalho, a desigualdade social, fracasso escolar etc. O problema desta sociologia é que não há sujeitos. O que ela descreve é o funcionamento de um sistema, como se os sujeitos fossem, de fato, objetos nesta paisagem”.
Diante deste cenário, Anete aponta um caminho: “O que a Sociologia da Infância se esforça em fazer é dar textura às crianças,