A corporeidade das crianças na escola: desafios para pensar a formação
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A CORPOREIDADE DAS CRIANÇAS NA ESCOLA: DESAFIOS PARA PENSAR A FORMAÇÃO DR. MARCIO XAVIER BONORINO FIGUEIREDO Universidade Federal de Pelotas – Escola de Educação Física e Faculdade de Educação Grupo de Pesquisa: Cultura, Infância e Educação Infantil. ADRIANA BATISTA VARELA – Pós-Graduação - SENAC – Pelotas-Rs Introdução - “coisas” de criança Muitos dos brinquedos, brincadeiras e jogos que realizávamos, quando crianças na zona rural, se perderam; mas algumas lembranças ficaram, porque foram experiências profundas. Os mais simples objetos se transformavam em brinquedos. Tinham como base os elementos predominantes da natureza - terra, água, animais, plantas. Os brinquedos e brincadeiras tinham origem desses elementos maiores, ou a eles estavam relacionados. Os ossos de animais se transformavam em rebanhos de ovelhas, gado, tropas, boiadas, etc. Galhos secos, taquaras, capim se convertiam em cercas, mangueiras, galpões. As frutas verdes serviam de pelota, para arremessos. Taquaras verdes cortadas entre dois nós e casca de laranja azeda ou fruta de cinamomo serviam de bala para as pistolas que daí surgia, para guerrear ou para acertar pássaros. Árvores com galhos horizontais e cordas davam um delicioso balanço. A terra e a água, um excelente barro para moldar mil e uma coisas. Ah! Duas varetas retas e finas, excelentes pernas-de-pau; muitas vezes até com dois degraus. Através delas nos tornávamos homens grandes e grandes homens. Forquilhas e pedaços de borracha resultavam numa funda. Pedaços de madeira, latas e pregos e tínhamos material para construir caminhões, carros, carroças, etc. Com talos de mamoeiro, água e sabão faziam brincadeiras de formar bolhas de sabão, que subiam o mais alto possível embalado por nossas vibrações. Enfim, fomos os artesãos de nossos próprios brinquedos, de nossos sonhos: soltávamos nossa criatividade e imaginação e estabelecíamos a nossa comunicação com o mundo. Antes de aprender a escrever em folha de papel, escrevíamos no chão, nas