A Cordilheira e a Floresta
O texto “A cordilheira e a floresta” da autora Cristina Bertazoni inicia sua tese nos apresentando a dicotomia clássica entre os povos que ocupavam os Andes e a população da Amazônia, como uma teoria ultrapassada e que nunca existiu, pelo contrario, existia um intercambio cultural, comercial e diplomático avançado que permitiu classificá-lo como milenar.
Para demonstrar que não existia esta separação entre os povos a autora traz documentos que legitimam esta relação, entre eles o Manuscrito de Huarochin como uma comprovação do intercambio existente e que mantiveram intensa influencia mútua em suas relações, as quais não se estabeleciam puramente em caráter comercial, transformando significativamente ambos os “mundos”.
Com o passar dos tempos, os povos Incas passaram a dominar as nações próximas de seu território nos Andes e com isto apostaram numa política complexa de Redistribuição Populacional no território dominado, contribuindo para o controle social de seu território, porém com os povos amazônicos este sistema não funcionou, havendo alta resistência e freando a expansão deste Império que havia nascido.
Como os povos amazonenses resistiram bravamente à submissão, os Incas, que dependiam da complementaridade ecológica que existia nesta região, tiveram mais uma vez que se adaptar num intercambio baseado na reciprocidade de relações, trocando e compartilhando os recursos naturais dos diferentes territórios ali representados.
Durante o desenvolvimento da tese, a autora afirma que outros povos, inclusive os Guaranis, também promoviam expedições tanto para a região do já então Império, quando para os territórios das florestas, impulsionando a criação de um sistema de defesa, através das fortalezas na Bolívia e próximo aos territórios dominados pelos exploradores. Mesmo com os conflitos e diferenças, o intercambio ocorreu de fato em graus e formas distintas, envolvendo resistências e interesses comuns.