A condição humana de Hanna Aredt

Hanna Arendt
Não podemos julgar a História, feita de permanências e rupturas, mas podemos atribuir algo aos homens que a vivenciam e a escrevem. O processo histórico é longo, não linear. Os homens através das vivências no meio social, cultural, religioso, compartilham memórias, atribuem significados, que são influenciados pelo momento histórico. Tarefa difícil é despir-se da roupa, que o tempo e o espaço vão imprimindo em nosso pensamento e fazeres.
O extermínio de seis milhões de pessoas, promovido pelo III Reich nos campos de concentração europeus durante a Segunda Guerra Mundial imprimiu grande horror no Mundo e suscitou um desejo de justiça nos sobreviventes. A necessidade de expiar as culpas por esse crime que a própria Hanna coloca no filme como contra a humanidade leva a caça aos nazistas fugitivos, promovido pelo Instituto de inteligência e operações especiais de Israel, o Mossad.
O local do julgamento de Adolf Eichmann, responsável pelos “trens da morte” é simbólico, pois é historicamente o coração do povo judeu e a pátria constituída um ano após o termino da Segunda Guerra Mundial. Questões éticas e morais surgem com a estrutura do julgamento de Eichmann por crimes de guerra. Ele era chefe da seção de assuntos judeus no Departamento de segurança de Hitler e é apresentado como a encarnação do mal. O julgamento tornou-se espetáculo aos olhos do Mundo, enfim, o mal seria expurgado para fechar esse capítulo nefasto do século XX. O fato do Mossad capturar nazistas era algo que muitos amigos de Hanna viam como a atitude correta, bem como uma possível execução de Eichman sem julgamento.
Hanna não teme aquele fantasma. Ela distanciou-se de sua própria história e de sua ascendência e observou o julgamento com olhos analíticos. Não é a judia expatriada é seu aguçado pensamento que capta a insignificância do réu diante da magnitude dos crimes que estão sendo imputados a ele. Ela argumenta que se não fosse por sua posição no Reich ele não seria digno de nota.