A clínica psicanalítica infantil
Resumo: O presente artigo tem como objetivo abordar as múltiplas facetas da clínica psicanalítica infantil e colocar em discussão a questão do sintoma familiar e o sintoma da criança para a Psicanálise, procurando reconhecer a ligação fundamental entre a demanda do par parental e a criança. Para tanto, buscou-se os principais teóricos psicanalíticos a fim de relacionar os diferentes conceitos clínicos e concepções adversas.
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Palavras-chave: Sintoma, criança, par parental, psicanálise.
Para se falar de Psicanálise com crianças, é necessário primeiramente recorrer ao caso Hans, na qual Freud (1909) nos mostra um caso clínico de fobia abrangendo a abundância de detalhes referentes à teoria da sexualidade infantil. Freud indica no caso, como os pais de Hans poderiam diminuir as constantes dúvidas do filho se lhe esclarecessem a respeito de assuntos relacionados à sexualidade. É nessa direção, que esse enlaçamento do sintoma da criança às fantasias parentais dispõe o psicanalista a uma posição de considerar os diferentes discursos sobre a criança para poder separar o que seria uma demanda dos pais e um sintoma da criança, desatando esse “nó sintomático” e viabilizando o tratamento da criança.
A psicanalista francesa Maud Mannoni, aponta que surgem diferentes adversidades ao longo do processo psicanalítico de uma criança – demanda parental, demanda da criança, demanda do analista em relação à sua própria infância. Para ela, o analista atua principalmente na linguagem, ainda que a criança não fale; o discurso que se processa abrange os pais, a criança, o analista, fazendo assim, com que se crie um discurso coletivo que se forma em torno do sintoma apresentado pela criança. Desta forma, quando o psicanalista aceita receber os pais, acaba também permitindo, como assinala Mannoni (1977, p.125), que no discurso da criança haja a extinção progressiva de uma palavra alienante que, na maioria das