A civilização Ocidental Filosófica
A demonstração desta tese depende da explicitação da resposta à pergunta: Que é Filosofia? Esta se desenvolve em três passos, a saber:
I Movimento dialético Qualquer consideração atenta logo observa que a história se desdobra segundo um movimento dialético de tradição e inovação. Tal dialética pressupõe a pessoa como ser social, que afirma e nega as próprias conquistas culturais, segundo um processo revolucionário, conservador e reacionário. Ora, se a experiência humana milenar é assim, entendê-la corretamente exige uma reconstrução histórica, a fim de diagnosticar o como e o porquê a Civilização Ocidental se torna filosófica. Assim, a tarefa pensante – de rastrear o movimento dialético de tradição e inovação, afirmação e negação, reação e revolução – revela que a Filosofia é originariamente autocrítica. II A raiz da reflexão filosófica a) Origem grega (séc. V a. C.): A origem da Filosofia está ligada à experiência do Assombro (admiração, fascínio, temor). Quer dizer, a consciência humana, por diferentes motivos, desperta no seio de uma realidade cindida. Esta ruptura do ethos equivale a um estado de crise, de questionamentos assintóticos (infindos) que vão desde uma pequena pulga atrás da orelha da razão até a pergunta pelo Sentido Radical da Realidade. Doravante, tudo passa pelo Tribunal da Razão, conjugando a reflexão crítica e a explicação teórica. Tal postura racional contraria a mundividência (visão de mundo) mítico simbólico narrativo aberta em favor de uma leitura que impõe limites à Realidade. Assim, a afirmação do espaço logocêntrico faz emergir as questões pela autofundamentação e transcendência. b) Idade Média: A retomada da experiência filosófica na Idade Média – após a destruição de mil anos de cultura mediterrânea – tem as mesmas características da experiência originária do Assombro, mas agora em meio a novos ingredientes. Os pensadores medievais enfrentam o estado de crise, mas à luz das categorias