A caça frustrada do peixe
O conto “O Peixe” de Benedicto Monteiro é o retrato da realidade cultural e social das populações ribeirinhas no cenário amazônico, o narrador-personagem relata um dia da sua vida durante o inverno amazônico, começando por uma caça fracassada e na volta pra casa, o olhar duro de sua mulher e o choro dos filhos famintos.
O espaço e a ambientação tem enorme valor na narrativa e os dois estão fixados no conto em questão na ideia do inverno e verão amazônico. A narrativa se perpassa durante o inverno amazônico período no qual o calor é muito intenso. Este inverno é o motivo pelo qual o pescador teve sua caçada fracassada ao tentar buscar alimento. O conto começa pela narração da caça frustrada, momento em que narrador descreve o tempo e o seu próprio cansaço em função do sol extremamente quente “Varado da mata, areado do tempo, cansado do corpo, saí no limpozinho do terreiro, já meio zuruó. O sol tinia, sem sombra e sem vento. Batia em cheio. Nem tive tempo de limpar a vista com tamanho luzimento.” Diante disto percebe-se que o sol forte, a ausência de sombra e o vento são os contribuintes principais do fracasso da caça. Outro fator que causou a frustração da caçada é a espingarda vir a falhar no momento inoportuno. Além de que a mesma só poderia ser consertada na cidade, portanto isto levaria alguns dias, entretanto a fome era grande demais para se aguarda o concerto. “Todos os elementos da narração, inclusive o espaço, são regidos pelas duas estações que comandam o tempo na Amazônia: verão e inverno” (VIDAL, 2008, p.102), as estações nessa narrativa se farão presente durante todo o decorrer da estória, provocando as mudanças da narrativa e os fracassos. A própria pesca que será o eixo da narrativa se mostra fracassada desde o início em virtude do tempo desfavorável conforme o trecho “Desci sem muita fé de conseguir qualquer coisa, porque conforme tinha dito à mulher, o tempo não estava favorável” e em outro “Onde acharia peixe