A CARTOMANTE: DA ARDENTE PAIXÃO AO ATAQUE FULMINANTE.
A Cartomante é um conto do escritor brasileiro Machado de Assis, teve sua publicação original em 1884, na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, jornal que circulava entre 1875 e 1942. Posteriormente, foi incluído no livro Várias Histórias e em Contos: Uma Antologia. Foi adaptado para o cinema em 1974 e em 2004, além de estrear como ópera de Jorge Antunes em 2014. O conto nos mostra aspectos como o adultério, a traição, a busca por resposta na quiromancia, a tentativa de ocultar amores proibidos, além da constante inversão de valores mostrado no confronto entre a farsa e a sinceridade, entre a ingenuidade e a malícia, aspectos estes ainda tão presentes em nossa sociedade na qual as relações e instituições, como o casamento, ainda se baseiam na hipocrisia.
O conto ocorre no ano de 1869, no Rio de Janeiro, e apresenta ao leitor o casal Rita e Vilela, este um advogado que reencontra Camilo um amigo de infância que logo virá a sofrer um infortúnio, a perda da mãe. O casal demonstra carinho e solidariedade com o amigo enlutado, Vilela sendo advogado cuida com zelo dos processos judiciais, bem como do enterro da mãe de Camilo, já Rita em cortesia lhe oferece sua graciosa atenção. O amparo concedido por Rita a Camilo, num súbito de dor, transformou-se em prazerosos momentos que iam desde a leitura de livros e jogos de damas e xadrez a passeios e idas ao teatro, esse convívio e tratamento a princípio apenas solidário, despertou neles uma ardente paixão, surgindo assim um arrebatador triangulo amoroso.
Rita aparece como uma mulher corajosa, forte e decidida, capaz de confrontar o medo do amante e as regras impostas pela sociedade, pois para satisfazer os seus desejos e vivenciar a calorosa paixão não mediu esforços para seduzi-lo, “como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca”, tornando inútil a tentativa de Camilo em resistir e