A Carta Encíclica Caritas in Veritate do
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CARITAS IN VERITATE
Uma encíclica para o desenvolvimento e a globalização
Intervenção de D. Manuel Clemente no Encontro sobre Filosofia do Direito
Universidade Lusófona do Porto, 5 de Novembro de 2009
1. Não vos faço propriamente uma conferência, dada a limitação do tempo. Trago-vos apenas uma breve reflexão sobre alguns tópicos da última encíclica de Bento XVI, dada a oportunidade do assunto.
Versa ela um vasto conjunto de problemas da actualidade, em torno do “desenvolvimento humano integral”, numa conjuntura tão complexa como a que estamos a viver, em termos sociais e económicos, com directas incidências na cultura e no direito.
Depois da introdução e dum primeiro capítulo em que relê a importante encíclica Populorum progressio (Paulo VI, 1967), desenvolve mais cinco, intitulados respectivamente: o desenvolvimento humano no nosso tempo; fraternidade, desenvolvimento económico e sociedade civil; desenvolvimento dos povos, direitos e deveres, ambiente; a colaboração da família humana; o desenvolvimento dos povos e a técnica. Segue-se a conclusão, onde o Papa se mostra convicto da conveniência da religião, no sentido mais essencial do termo, para a consolidação da sociedade humana: “Somente se pensarmos que somos chamados, enquanto indivíduos e comunidade, a fazer parte da família de Deus como seus filhos, é que seremos capazes de produzir um novo pensamento e desenvolver novas energias ao serviço de um verdadeiro humanismo integral” (Bento XVI, Carta encíclica ‘Caritas in veritate’ […] sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade [CV], 29 de Junho de 2009, nº 78. Ed. portuguesa, Prior Velho: Paulinas Editora, 2009).
Creio não trair o pensamento de Bento XVI ao glosá-lo do seguinte modo: para nos entendermos mutuamente como humanidade comum, em realização solidária e progressiva, convém admitir que nenhuma